segunda-feira, 21 de julho de 2008

Mistérios da comunicação interpessoal - I

livre, espontânea e sincera
balança a mão carinhosa
da pilota nervosa
talvez chegasse a ele, quem dera

livre, espontânea e sincera
vibra a nota grave
rumo a Uzi, uma nave
para além do espaço, era

apaixonado e infeliz
o piloto, sempre quis
a música romântica,
quântica aventura sonora
por ora pelo universo
à sua flor, distante na Uzi,
levar. Ela pilota de uma nave, lá
Ele cá piloto de uma clave, fá

livre um aceno de lá
espontânea uma nota de cá
sincera a aventura interstelar
de uma paixão distante e moderna.

domingo, 18 de maio de 2008

Caros,
Na próxima sexta, dia 23 de maio, a SOM DE VÁLVULA BLUES estará participando do projeto ESTAÇão ARTE. Organizado pela Prefeitura do Recife, o projeto tem levado artistas pernambucanos de diversas expressões musicais a shows na Estação Central, no bairro de São José.
Horário: a partir das 17h
Esperamos contar com a presença de todos nesta apresentação mais que especial, recheada de blues, irreverência, libido e boa energia!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

E aí, José

Minha recente e modesta contribuição para o jornal "Os Sinos", veiculado em nome do diretório acadêmico do meu curso. Admito, sou mais um destes entusiastas da formação médica.


"Imagine José, jovem estudante de medicina, cheio de vontades e sonhos e desencantos e mitos. Quinta-feira, José acorda cedo e lascado de cansaço; não bastasse a batalha do começo de semana corrido, a última noite revelara-se especialmente longa: dois capítulos de biofísica da mentira namorada mal-humorada sonolência transcrição de anatomia do tédio favor para a mãe sono orkut seminário saúde da mulher que apenas reproduz não agüento mais.
Chegando à primeira aula, atrasado, José se deu ao luxo de degustar um momento de reflexão. Ele, pisciano e avoado, andava tão cansado que nunca mais tivera a chance de curtir as idéias mais loucas que todos temos no momento pré-sono, quando deitamos nossas cabeças ao travesseiro cheiroso e macio. Deitava e dormia, automaticamente. A aula rolando e ele pensando: “Isso sim, é foda. Injustiça das grandes. Não se priva um homem de digerir a vivência do seu dia de ontem, muito menos de planejar o seu amanhã, tendo aí o toque surrealista que só os olhos fechados e a escuridão do quarto são capazes de proporcionar”. É interrompido de sua divagação por uma colega vizinha, que pede para a doutora professora repetir o conceito e o anota com fervor, palavra por palavra. Esta mesma colega, aluna brilhante e gostosa, certamente há de ser excelente profissional e o curso parece vir trabalhando cada vez mais algumas de suas inúmeras habilidades, com destaque para decorar slides e aulas gravadas, encontrar atividades extra-curriculares secretas e mantê-las no anonimato acadêmico (valorizando a realidade de concorrência feroz do nosso modelo social, correto?), ter sempre a nota 10 como meta, fazendo o possível e o impossível para tanto, além de várias outras aptidões dos estudantes de medicina que, caso fossem citadas, nos levariam por outros rumos, de maneira que esqueceríamos do pobre objeto desta narração: o amigo José.
Outro dia, quando perguntado “como vai o curso, José”, ele não demorou muito a responder “Vai bem, obrigado”. Estranho? Não. José, assim como eu e talvez você, consegue se apaixonar pelo dia-a-dia na faculdade. Provavelmente ele nem se dá conta disto, sem tampouco saber o que move esta paixão ou mesmo o significado real da palavra.
Chegando a um sentimento tão nobre e com a licença do amigo José, objeto explícito da narrativa, levanta-se a necessidade de se pensar a realidade de tantos outros futuros colegas de profissão e, de uma maneira mais ampla, colegas de sociedade. Todos temos um pouco de José e um pouco de sua colega de classe. O que nem todos temos é uma postura diante disto. Não é fácil, postura requer reflexão e reflexão requer senso crítico. Pensar educação, pensar formação, pensar consciência. Ser consciente é não ser passivo, é lutar pela dignidade na construção do seu conhecimento e pela sua própria qualidade de vida, sem se esquecer do próximo.
Neste sentido, a medicina precisa de estudantes ativos e a sociedade precisa de médicos comprometidos. De onde tirar energia e mobilização para enxergar a realidade, em meio a tantos passos necessários? A resposta e o sentimento de José podem indicar um bom caminho. Esse sentimento que a gente mal sabe de onde vem, mas que nos faz seguir adiante e suportar o que suportamos no curso médico."